Casos de gripe H3N2 já são registrados no RS, mas ainda não se sabe se trata-se da mesma linhagem que causa surtos em SP e RJ

Casos de gripe H3N2 já são registrados no RS, mas ainda não se sabe se trata-se da mesma linhagem que causa surtos em SP e RJ

Cinco casos do vírus Influenza A H3N2 foram registrados no Rio Grande do Sul em dezembro, segundo informou nesta quarta-feira (15) a Secretaria Estadual de Saúde (SES). Ainda nesta quarta, a pasta deve divulgar um comunicado esclarecendo a população a respeito da circulação desta cepa responsável pela gripe. No entanto, ainda não é possível afirmar que se trata da Darwin, mutação que provoca surtos em São Paulo e Rio de Janeiro.

Os casos identificados pela SES ainda estão em fase de sequenciamento genômico na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), etapa que vai identificar o material genético para entender a linhagem do vírus. Também não se pode dizer que o que acontece aqui representa um surto, porque são episódios em cinco cidades diferentes.

— Não sabemos se é a Darwin. As amostras foram para a Fiocruz nesta semana. Mas esses cinco casos não representam surto — garante a bióloga Tatiana Schäffer Gregianini, responsável pela vigilância laboratorial de vírus respiratórios no Centro de Vigilância em Saúde (CEVS) do Estado.

O H3N2 não é um vírus novo. Foi identificado em 1968, quando provocou uma epidemia chamada Influenza de Hong Kong. No entanto, de acordo com a epidemiologista Tani Ranieri, chefe da Vigilância Epidemiológica do CEVS, desde 2020, quando teve início a pandemia de coronavírus no mundo, esse subtipo do vírus da Influenza não era identificado pelas unidades sentinelas da rede nacional de saúde, que monitora casos de síndrome gripal — o cenário estava tomado pelo SARS-COV-2.

Mas, na avaliação de Tani, a baixa adesão à vacinação contra a gripe possivelmente ajudou na circulação do H3N2. No Rio Grande do Sul, a meta era atingir 90% das pessoas dos grupos prioritários com a vacinação — o que se conseguiu foi apenas 79%.

— O potencial de transmissão do coronavírus fez com que outros vírus, inclusive o da Influenza, não circulassem. Agora, a Influenza passou a circular, porque a cobertura da campanha contra a gripe foi baixa — diz a epidemiologista.

O alerta gerado pelos surtos de H3N2 em São Paulo e Rio de Janeiro ocorre porque recentes mutações, como a Darwin, não estão contempladas nas vacinas contra a gripe aplicadas neste ano na campanha nacional de imunização. Ainda assim, Tani entende que o recomendável é que quem não se vacinou procure um posto de saúde para garantir proteção.

— Temos vacinas disponíveis. Não sabemos o sequenciamento genômico do vírus ainda, mas os municípios gaúchos ainda dispõem de vacinas — alerta.

Como a Organização Mundial da Saúde (OMS) atualiza todo ano a “receita” para a formulação da vacina contra a gripe, a campanha contra a Influenza de 2022 possivelmente terá um imunizante capaz de barrar a linhagem Darwin.

Sintomas e prevenção

A Influenza tende a ser mais grave entre idosos e crianças, embora pessoas com comorbidades também sejam consideradas vulneráveis à doença. Vale ressaltar que a covid-19 é mais letal do que a Influenza.

— A gripe com certeza pode levar à hospitalização, principalmente de pessoas que estão nos extremos das idades ou que têm comorbidades. Eles estão mais propensos a desenvolver uma forma uma pouco mais grave da doença, com comprometimento pulmonar. Felizmente, a taxa de complicação da H3N2 é muito menor do que a da covid-19 — afirma Eduardo Sprinz, chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

Os sintomas provocados pelo H3N2 são os clássicos da gripe: febre alta com início agudo, dor de cabeça, dores nas articulações, constipação nasal, tosse e inflamação da garganta. Em alguns casos, pode haver vômito e diarreia.

Tudo o que é ensinado para evitar a transmissão do coronavírus também serve para proteger a população da H3N2. Uso de máscara e distanciamento social são algumas das medidas básicas. De acordo com Sprinz, também é importante buscar um médico logo no início dos sintomas gripais.

— O ideal é que seja feito um teste PCR para Influenza logo no início. Isso porque há um medicamento antiviral que, quando tomado de forma precoce, consegue mudar o percurso da doença — afirma o epidemiologista.

Fonte: Gaúcha ZH