Hospitais gaúchos atualizam atendimentos após retomada da produção de insumos para tratamento de câncer

Hospitais gaúchos atualizam atendimentos após retomada da produção de insumos para tratamento de câncer

Hospitais da Capital e do Interior consultados por GZH nesta terça-feira (5) deram uma boa notícia para pacientes e familiares que lutam contra o câncer. Os estoques dos radiofármacos necessários para diagnóstico e tratamento da doença começaram a voltar ao normal no começo deste mês.

No meio do mês passado, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), responsável por fabricar 85% desses insumos no Brasil, suspendeu a produção por falta de verba para importar a matéria-prima necessária. O órgão importa radioisótopos de produtores na África do Sul, Holanda e Rússia, além de adquirir insumos nacionais para produção de radioisótopos e radiofármacos utilizados no diagnóstico e tratamento do câncer.

Dias depois, o Ministério da Economia liberou R$ 19 milhões em crédito suplementar para o órgão voltar a comprar o material importado. Entretanto, até os efeitos dessa liberação fazerem diferença, hospitais gaúchos tiveram de reagendar e cancelar procedimentos, especialmente na semana passada. Nesta terça, instituições da Capital afirmaram estar colocando em dia procedimentos adiados na semana passada.

Os estoques estão voltando ao nível anterior à crise no Instituto do Cérebro (InsCer), ligado à Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) — que atende pacientes do Hospital São Lucas —, no Hospital de ClínicasConceiçãoMoinhos de Vento, Hospital Santa Rita (Santa Casa) e no Hospital Regina, de Novo Hamburgo.

— Nós tivemos problemas na semana passada, quando os radiofármacos faltaram. Tivemos de reagendar procedimentos e exames. Mas deveremos colocar em dia tudo nesta semana e na próxima. Acredito que, pelo menos até o final do ano, não deveremos sofrer mais falta desses produtos — afirma Eduardo Vilas, médico do Serviço de Medicina Nuclear do Hospital Conceição.

O presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan), Celso Cunha, chegou a considerar a crise grave e temeu por um apagão no tratamento de câncer no país. Ele explica que o Ipen não está conseguindo importar um mineral chamado molibdênio, que serve de base, após processado pelo Ipen, para a produção de vários produtos.

O governo federal confirmou que os R$ 19 milhões devem regularizar a situação até o final de 2021. Conforme nota divulgada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, busca-se a recomposição total do orçamento do instituto. É aguardada a aprovação de um projeto de lei no Congresso Nacional que vai disponibilizar R$ 34 milhões ao Ipen. Depois, será necessária a aprovação de um novo projeto no valor de R$ 55 milhões.

Fonte: Gaúcha ZH