O número de casos confirmados de toxoplasmose em Santa Maria, na Região Central do Rio Grande do Sul, subiu para 594, de acordo com boletim divulgado nesta sexta-feira (29) pelas secretarias municipal e estadual de Saúde. O boletim anterior, divulgado em 18 de junho, informava 569 casos.
Ao todo, em 2018, já foram notificados 1.563 casos da doença, sendo que 1.291 foram considerados suspeitos e outros 212 ainda necessitam de classificação.
Dos casos suspeitos, 594 foram confirmados por meio de contraprova em laboratório, 262 foram descartados e 435 ainda seguem sob investigação.
O surto, confirmado em 19 de abril, já é considerado o maior já registrado no Rio Grande do Sul na história. As autoridades de saúde ainda não identificaram a causa.
Na última terça-feira (26), o chefe da Secretaria Nacional de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Osnei Okumoto, pontuou que a fonte de contaminação da toxoplasmose na cidade ainda é apurada, mas que as principais suspeitas são em relação à água ou às hortaliças.
Sobre a declaração do ministro da Saúde, Gilberto Occhi, na semana passada, afirmando que a causa era a água, as autoridades presentes na coletiva classificaram a fala como um “mal-entendido”.
Ainda de acordo com ele, alimentos como carnes suínas, bovinas, de ovinos e embutidos já foram eliminados como prováveis causas, durante o estudo.
Polêmica
Ainda que o ministro tenha dito que a causa era a água, a Secretaria Estadual da Saúde negava ter conhecimento da origem do surto. De acordo com a pasta, foram analisadas amostras de água da Estação de Tratamento da Corsan, de reservatórios de água nas residências de casos confirmados e no processo de um produtor de hortaliças.
No entanto, o laboratório de referência da Universidade Estadual de Londrina, no Paraná, não confirmou a presença do DNA de protozoário que causa a doença, o Toxoplasma gondii.
Ainda são examinadas no Paraná amostras de água de açude, de poço artesiano, vertente e lodo de reservatórios de água dos casos confirmados.
O prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom, chegou a classificar como “irresponsável” a declaração do ministro da Saúde. Ainda conforme o prefeito, até que a situação seja esclarecida, a recomendação é ferver a água antes de beber, e não ingerir alimentos crus e carnes mal passadas.
A Corsan de Santa Maria se disse surpresa pela declaração de Occhi na ocasião, e acrescentou que seguia o trabalho de investigação.
A companhia antecipou a limpeza dos reservatórios de água da cidade, que começou a ser realizada na segunda-feira (25). Esse trabalho seria feito na próxima semana, porém, a superintendência da empresa justificou que os técnicos já haviam concluído um treinamento, e que estavam disponíveis para a tarefa.
Toxoplasmose
A toxoplasmose, cujo nome popular é doença do gato, é uma doença infecciosa causada por um protozoário chamado Toxoplasma gondii. Este protozoário é facilmente encontrado na natureza e pode causar infecção em grande número de mamíferos e pássaros no mundo todo.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Infectologia, a doença pode ocorrer pela ingestão de oocistos [onde o parasita se desenvolve] provenientes do solo, areia, latas de lixo contaminadas com fezes de gatos infectados; ingestão de carne crua e mal cozida infectada com cistos, especialmente carne de porco e carneiro; ou por intermédio de infecção transplacentária, ocorrendo em 40% dos fetos de mães que adquiriam a infecção durante a gravidez.
Sintomas
Em alguns casos os sintomas não se manifestam, mas podem ser:
- Febre
- Cansaço
- Mal-estar
- Gânglios inflamados
O período de incubação da toxoplasmose vai de 10 a 23 dias quando a causa é a ingestão de carne, e de 5 a 20 dias quando o motivo é o contato com cistos de fezes de gatos.
Prevenção
A Sociedade Brasileira de Infectologia lista algumas medidas de prevenção:
- Não ingerir carnes cruas ou malcozidas;
- Comer apenas vegetais e frutas bem lavados em água corrente;
- Evitar contato com fezes de gato. As gestantes, além de evitar o contato com gatos, devem submeter-se a adequado acompanhamento médico (pré-natal). Alguns países obtiveram sucesso na prevenção da contaminação intrauterina fazendo testes laboratoriais em todas as gestantes;
- Em pessoas com deficiência imunológica a prevenção pode ser necessária com o uso de medicação dependendo de uma análise individual de cada caso.
Fonte: G1 RS
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