Hospital está com 67 dos 68 leitos ocupados. Estado tem mais de 80% das UTIs com pacientes internados, sendo que mais da metade deles é por coronavírus.
A superlotação das unidades de terapia intensiva, a dificuldade de expansão dos atendimentos e a exaustão dos profissionais da saúde motivaram a Santa Casa de Porto Alegre a lançar uma campanha de conscientização para que a população evite aglomerações no Ano Novo e não ajude a disseminar o coronavírus.
Nesta quarta-feira (30), dos 68 leitos disponíveis na UTI, 67 estavam ocupados.
O fim de ano vai ser de trabalho intenso para as equipes de saúde. “É cansativo. Um dia depois do outro, as situações se repetem. São famílias inteiras internadas no hospital, muitas vezes um dos membros vem parar na UTI. É uma doença que poderia ser evitada, uma doença transmissível que não tem como pensar onde foi que tu pegou, o que poderia ter feito diferente”, comenta a médica intensivista Taiane Vargas.
A Santa Casa ainda pode rem equipamentos e espaço físico para abrir mais 20 leitos. Mas faltam profissionais da saúde especializados.
Outro problema é que as internações crescem em um ritmo muito mais rápido do que a capacidade de abertura de novas vagas. E elas têm um limite.
“Como eu costumo dizer, parece que a gente tá secando gelo. Libera um paciente de alta, internam três, quatro, e assim a gente vai mantendo esse ciclo desde março. É um período longo, que ninguém imaginou que fosse manter por tanto tempo, mas é o que vem acontecendo”, diz Taiane.
A preocupação é ainda maior com as festas de réveillon. A direção já se prepara para ver um aumento no número de casos em janeiro. Por isso, a Santa Casa lançou um apelo para que a população evite aglomerações.
Ricardo Kroef, diretor técnico da Santa Casa, alerta para um efeito rebote dessas aglomerações nos próximos meses. “Essas pessoas terão um período de incubação desse vírus até a doença se manifestar. Pode ocorrer que uma grande quantidade de pessoas venham ao mesmo tempo, e o que certamente vai incorrer no risco de desassistência a todas as pessoas”, destaca.
Cerca de 700 profissionais de saúde da Santa Casa vivem uma rotina exaustiva há nove meses. O supervisor de enfermagem da UTI Covid do hospital, Anderson Betile Rodrigues, afirma que o período foi dramático.
“Foi um dos piores momentos de toda a minha carreira da enfermagem. A gente nunca esperou vivenciar isso na vida”, reflete.
“Meus colegas médicos, colegas da enfermagem, a equipe toda está bastante cansada realmente”, acrescenta Taiane.
Muitos deles vão encarar o fim de ano dentro do hospital, trabalhando. Uma dedicação que envolve sacrifícios pessoais.
“Os meus pais, eu não vejo há muito tempo, desde que começou a pandemia. Sinto saudade. Eu faço videochamada, mas não me permito [visitas] porque tenho medo de transmitir. Mesmo com exame, a gente não sabe”, diz Kroef.
O Rio Grande do Sul registrou mais de 250 mortes por Covid-19 nos últimos dois dias. Dezembro é o mês com mais casos e óbitos confirmados em toda a pandemia.