Saúde mental ganha mais atenção nas empresas

O número de empresas que oferecem programas para cuidar da saúde mental de seus funcionários tem crescido no Brasil. Segundo pesquisa de benefícios corporativos realizada pela consultoria Mercer Marsh Benefícios em 2019, 46% das companhias participantes têm alguma iniciativa focada no bem-estar emocional dos empregados.

“Na pesquisa, pudemos ver que as ações voltadas para o indivíduo são a maioria. E, de fato, são importantes, mas são reativas, não preventivas. Ao criar um ambiente mais saudável, previne-se o adoecimento.”

ANTONIETTA MEDEIROS

SUPERINTENDENTE DE SAÚDE DA CONSULTORIA MERCER MARSH

Para Antonietta Medeiros, superintendente de saúde da Mercer Marsh, o aumento acompanha o crescimento dos casos de doenças relacionadas a estresse síndrome de  burnout (esgotamento extremo). Apesar da alta nas iniciativas, Antonietta faz uma ressalva:

— Na pesquisa, pudemos ver que as ações voltadas para o indivíduo são a maioria. E, de fato, são importantes, mas são reativas, não preventivas. Ao criar um ambiente mais saudável, previne-se o adoecimento.

As doenças psiquiátricas são a terceira maior causa de afastamento de trabalhadores (em primeiro lugar, estão as lesões laborais em geral e, em segundo, doenças em ossos e músculos). Os dados são da Secretaria da Previdência, divulgados em 2017.

Um exemplo de benefício voltado à prevenção é o apoio pass, oferecido aos funcionários da Sodexo Brasil há quatro anos. Trata-se de uma linha telefônica para a qual empregados e familiares diretos podem ligar para obter aconselhamento psicológico, financeiro e jurídico. A companhia terceiriza o atendimento para manter a confidencialidade.

Segundo Vana Fiorini, gerente de RH da empresa, o maior objetivo é ajudar as pessoas a resolver seus problemas antes que eles se tornem transtornos:

— Um funcionário preocupado acaba trabalhando menos.

Capacitação para sinais de alerta

Dorit Verea, diretora da clínica Prisma, que há 18 anos presta consultoria em saúde mental para empresas, acredita que é importante capacitar gestores para apoiar os funcionários e identificar sinais de alerta.

— Às vezes, o chefe se torna chefe por sua capacidade técnica, mas não sabe como lidar com as pessoas, como criar um ambiente saudável, como abordar o seu funcionário de forma ética — diz.

Para ela, é essencial que os líderes sejam instruídos a lidar com esse tipo de situação, porque “pode ser muito invasivo abordar alguém sobre o tema”.

Dorit conta que é muito comum que as companhias ofereçam palestras e cursos em datas específicas, como no Setembro Amarelo – mês voltado para campanhas de prevenção contra o suicídio. No entanto, ela ressalta a importância de que essas iniciativas sejam contínuas.

— Fazer um trabalho pontual é ter a ilusão de que falar uma única vez é suficiente. A saúde mental tem de ser um projeto da empresa — afirma.

Segundo relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) de 2018, no Brasil, 36,5% dos casos de invalidez resultam de males psiquiátricos ou doenças neurológicas. É a maior taxa das Américas.

O estudo conclui que o investimento público é insuficiente para que o sistema de saúde consiga atender de forma eficiente quem sofre desse tipo de transtorno. Na rede pública, a previsão orçamentária para a saúde mental foi de R$ 1,6 bilhão no ano passado, 1,2% do orçamento total do Ministério da Saúde. Em 2018, foi R$ 1,5 bilhão.

Dados da pesquisa e estatísticas oficiais

  • 46% das empresas do país têm alguma iniciativa focada no bem-estar mental de seus funcionários.
  • 53% dessas companhias oferecem massagens aos seus empregados, a ação mais comum
  • 36,5% dos casos de invalidez no Brasil são causados por males psiquiátricos ou doenças neurológicas.
  • R$1,6 bilhão foi a previsão orçamentária do governo para gastos com saúde mental no ano passado.

Fonte: Gaúcha ZH

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