Hospitais filantrópicos do RS estimam que SUS repasse apenas 63% dos custos dos atendimentos

Hospitais filantrópicos do RS estimam que SUS repasse apenas 63% dos custos dos atendimentos

Uma estimativa da Federação das Santas Casas Santa Casa e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Rio Grande do Sul aponta que o SUS repassa R$ 63 de cada R$ 100 em custos com atendimentos para as instituições que prestam serviços de saúde. Com a diferença verificada nos valores, os hospitais têm registrado prejuízo e usam diferentes recursos para equilibrar as contas. 

Segundo a vice-presidente da federação, Vanderli Barros, a dificuldade dos hospitais filantrópicos é histórica tem se agravado. Ela explica que isso ocorre porque os contratos com os governos municipais, estadual ou federal não possuem dispositivos para atualizar os valores repassados conforme a inflação do mercado.

— Com certeza, isso está se tornando, a cada dia, uma situação mais complicada — afirma.

Um dos repasses que mais preocupam os gestores hospitalares é o que diz respeito ao custeio das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). De acordo com Vanderli, o valor da diária chegou a R$ 1,6 mil durante a pandemia, mas que a cifra foi reduzida e, no momento, está abaixo de R$ 1 mil.

— Pode ser que algum tipo de insumo possa ter reduzido de preço após a pandemia, porque a oferta do produto aumento, mas a regra não é essa. O custo fixo dos médicos e da infraestrutura é o mesmo. A inflação dos medicamentos tem aumentado, e a remuneração não — explica.

O cenário do Rio Grande do Sul, segundo a entidade, se repete do Brasil. Na semana passada, a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas, à qual a entidade gaúcha está ligada, levou ao governo federal uma demanda referente aos empréstimos contraídos pelos hospitais, justamente para cobrir o déficit financeiro acumulado até agora.

— Os bancos têm mostrado o endividamento dos hospitais — acrescenta Vanderli.

Verba

Em 20 de abril, o governo federal anunciou o repasse de R$ 2 bilhões para o custeio de procedimentos média e alta complexidade. O valor é considerado uma sobrevida aos hospitais, mas não para a ampliação de atendimentos, e sim para garanti-los.

O Rio Grande do Sul recebe uma fatia de R$ 209.020.736,58, dos quais R$ 207.011.849,11 são para hospitais filantrópicos contratados pelo Estado e por municípios e o restante para entidades, como Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes).

O pagamento foi liberado nesta quinta-feira (28), e a previsão é que os recursos sejam depositados em 30 dias. Até esta publicação, o Ministério da Saúde não retornou à reportagem de GZH sobre o assunto.

Fonte: Gaúcha ZH